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Helena (Portugal) (2019/08/01): "Estou num tempo impensável, cheguei a casa e a casa estava vazia, isto é, os sinais de quem a habitara, permaneciam - os óculos na mesa-de-cabeceira, a livro com a marca de leitura, a mala feita para as férias, o estojo com o pó-de-arroz e o baton - mas estava morta a pessoa desses sinais, ando por esta paragem súbita como um estranho, abro a porta do quarto e chamo: mãe, o som do seu nome come os resíduos da tua presença, a sombra pesa sobre a palavra, mas não a interrompe, prolonga-a até a tornar insuportável. Choro a voz desmesurada. Pela janela, o jardim espreita-me." Rui Nunes, Grito, p. 5"Na leitura perturbadora a que Rui Nunes nos iniciou - pelo excesso, desespero e intensidade da sua escrita -, deixamo-nos povoar por essas vozes desconcertantes e labirínticas que formam o Grito. Nele, as palavras encadeiam-se sem forjar uma linearidade narrativa e alargam todas as possibilidades de leitura. A estrutura assenta na proliferação de vozes que vivificam as personagens-afluentes da voz-rio do narrador. Esta dispersão multiplica e intensifica a matéria contada-gritada pelas vozes reveladoras e pede ao leitor uma concentração imperiosa para entrar no mundo complexo das emoções." http://coloquio.gulbenkian.pt/bib/sirius.exe/issueContentDisplay?n=157&o=s, p. 414
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