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DOSTOIEVSKI : A Voz Subterrânea
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Author: DOSTOIEVSKI
Title: A Voz Subterrânea
Moochable copies: No copies available
Binding: Paperback
Pages: 134
Date: 1989-1
ISBN: BM1266420626388087997
Publisher: & etc
Previous givers: 1 Helena (Portugal)
Previous moochers: 1 Carina (Portugal)
Description: Trad. Célia Henriques/Vitor Silva Tavares
"[...] Hoje em dia nem sequer sabemos onde se esconde a vida, o que é, como se chama. Se nos abandonarem, se nos tirarem os livros, ficaremos imediatamente desasados, confundimos tudo, não sabemos para onde ir, como comportar-nos, o que devemos amar, o que devemos odiar, o que devemos respeitar, o que devemos desprezar. Até nos é penoso ser homens, homens possuindo corpo e sangue próprios; temos vergonha disso, consideramos isso um opróbio e sonhamos vir a ser uma espécie de seres abstractos, universais. Nós somos nados-mortos, e já há muito que não nascemos de pais vivos, o que sobretudo nos agrada; gostamos disso. Em breve encontraremos um meio de nascer directamente de uma ideia.
Mas basta! Já não quero fazer ouvir mais a minha «voz subterrânea».[...]"

"[...]Entre as recordações que cada um de nós guarda, algumas há que só contamos aos amigos. Há ainda outras que nem sequer aos amigos confessamos, que só a nós próprios dizemos e, mesmo assim, no máximo segredo. Finalmente, há coisas que o homem nem sequer se permite confessar a si mesmo. Ao longo da existência, toda a pessoa honesta acumulou não poucas destas recordações. Diria mesmo que a quantidade é tanto maior quanto mais honesto o homem. Eu, em todo o caso, não foi há muito que me decidi a recordar algumas das minhas antigas aventuras; até agora evitava fazê-lo, aliás com um certo desassossego. Porém agora, quando as evoco e desejo mesmo anotá-las, agora vou tirar a prova: será possível sermos francos e sinceros, pelo menos com nós próprios, e dizermo-nos toda a verdade? Observo, a propósito, que Heine afirma não poderem existir autobiografias exactas e que o homem mente sempre quando fala de si próprio. Em sua opinião, Rousseau enganou-nos à certa nas suas Confessions, e até deliberadamente, por vaidade. Tenho a certeza de que Heine tem razão: compreendo muitíssimo bem que nos possamos acusar de crimes abomináveis apenas por vaidade e também compreendo o que pode ser esse sentimento. Mas Heine tinha em vista as confissões públicas; ora, eu escrevo só para mim e declaro duma vez por todas que, se pareço dirigir-me ao leitor, é apenas um processo de que me sirvo para maior facilidade.[...]"
URL: http://bookmooch.com/BM1266420626388087997

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